No MON, poder público e privado destacaram o papel do setor na economia, no turismo e na identidade do Paraná
O Museu Oscar Niemeyer foi o cenário da 6a edição do Fórum Tutano Gastronomia. Realizado em 29 de setembro, reuniu chefs, empreendedores, pesquisadores e entusiastas em um encontro que reafirmou o evento como um dos mais relevantes do setor no Sul do país.
Idealizado por Beto Madalosso, o Fórum nasceu do mesmo impulso criativo que originou a revista Tutano. “Sou fascinado por como o empreendedorismo se dá, como nasce um negócio. Às vezes é necessidade, às vezes é busca por liberdade — e, no meio disso, entra a criatividade”, contou o chef e restaurateur na abertura, lembrando o início da própria trajetória como empreendedor, em 2011, com a Forneria Copacabana.
Para ele, a força do setor está na capacidade de criar identidade. “Nosso segmento tem uma condição única, que é a de materializar uma ideia, um sonho. Montar um espaço cuidando de cada detalhe.” O Fórum, disse Beto, é também fruto desse mesmo movimento — que começou no restaurante Madalosso, com 700 pessoas, e hoje ocupa um dos maiores ícones culturais da cidade. “É um evento cultural, não só gastronômico. Consegue contemplar muita gente e gerar muito conhecimento”, completou, lembrando o papel essencial de apoiadores públicos e privados.
A abertura oficial contou com a presença de parceiros e autoridades que reforçaram a importância da gastronomia como vetor de desenvolvimento regional. O secretário de Estado do Turismo, Leonaldo Paranhos, destacou que o Paraná vive uma fase de transformação e crescimento. “O estado vive um momento espetacular — estamos gerando empregos, liderando o número de visitantes e quem viaja sempre quer saber o que vai comer. A gastronomia é a grande alavanca do turismo”, afirmou.
Na sequência, o secretário de Agricultura e Abastecimento, Márcio Nunes, falou sobre a vocação agroalimentar do estado e a importância de conectar produção e consumo. “O Paraná é o supermercado sustentável do mundo. “Não é que produzimos muito peixe e exportamos. Nós produzimos o melhor peixe do mundo. Temos a melhor água, a melhor comida para nossos animais e o povo mais amistoso. Quando juntamos isso à multietnia e à qualidade do serviço, temos algo único.”
O deputado estadual Goura levou à conversa um olhar ambiental, ressaltando o papel da agroecologia como caminho para fortalecer tanto produtores quanto consumidores. “Quem está na cozinha, quem está plantando e quem está legislando precisam estar em diálogo. A cultura alimentar é também uma questão de segurança alimentar e deve ser sempre uma solução para o nosso tempo.”
Encerrando a abertura do evento, Patrícia Albanez, coordenadora estadual de Turismo do Sebrae Paraná, destacou a importância da integração entre produção e serviço. “Quando falamos de bares e restaurantes, estamos falando de serviço — mas se a produção não for valorizada, não conseguimos contar uma história de verdade”, afirmou. Patrícia lembrou que o Sebrae acompanha hoje 158 mil projetos ligados ao turismo no estado, dos quais 94% são de micro e pequenas empresas e, dessas, cerca de 30% atuam diretamente no setor de bares e restaurantes. “Esses negócios são a principal força econômica do turismo no Paraná”, reforçou.
Ela também ressaltou que participar de eventos como o Fórum é, na prática, exercitar duas competências essenciais do empreendedorismo mapeadas em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU): a busca por conhecimento e a formação de redes de contato. “Empresários de sucesso ativam e fortalecem suas redes”, concluiu.
Com a mediação carismática do chef e criador de conteúdo Rui Morschel, a abertura do Fórum deu início a uma jornada de painéis e palestras sobre inovação, identidade e propósito na gastronomia — mostrando que na comida, empreendedores podem encontrar mais do que um negócio, mas um jeito de pensar o mundo.