Novos sabores, novas vozes na Tutano
O site da Tutano Gastronomia entra em uma nova fase cheia de boas histórias e reflexões sobre o comer. Ao longo das próximas semanas, as nossas newsletters vão apresentar os convidados que assinam colunas especiais por lá. E pra abrir esse cardápio, começamos com Thabata Martin.

Thabata Martin é jornalista, assessora de imprensa e apaixonada por narrativas que cruzam gastronomia, arte e arquitetura. Há mais de duas décadas saboreia o mundo profissionalmente e, mais recentemente descobriu na arquitetura e no design um campo fértil de forma e beleza. Escreve para quem acredita que viver é sobre curar espaços e alimentar memória. 

Entre os salões expositivos dos museus, jardins esculturais e paisagens exuberantes, concluo que minha fome vai além do prato

Cresci com um paladar funcional. Foi o trabalho que me salvou de uma experiência rasa à mesa. Aos 25 anos fui catapultada à degustação de menus indecifráveis. E, em pouquíssimo tempo, entre o atendimento de um cliente e outro, escargot, polvo, mexilhão e foie gras – nesta ordem – alteraram definitivamente minha rota, primeiro por respeito ao ofício e, finalmente, por prazer.

Ser reconhecida como uma jornalista atuante na promoção de estabelecimentos gastronômicos premiados, me treinou a provar especialmente com os olhos. Não entendo de história nem de técnicas, mas me emociono além da textura e da temperatura do que chega pelo prato. Gosto primeiro do cenário onde o espetáculo acontece. Ou seja, o lugar onde decido contemplar o momento à mesa.

A arquitetura é fascinante. O design de interiores molda a forma como encaramos o alimento. É como beber água com gás antes do café para limpar o paladar. O mobiliário afeta a postura e influencia na permanência. As louças também são arquitetura em pequena escala. 

Diferente da gastronomia, não sei precisar quando o meu amor pela arte despertou de forma avassaladora. Só sei que foi por conta própria. E, uma vez confortável dentro de museus, passei a desejar comer dentro deles. 

No Rio de Janeiro, em busca de experiências de arte e design, visitei o Museu do Amanhã – projeto idealizado por Santiago Calatrava – e descobri o restaurante Casa do Saulo, que traz a Amazônia à mesa. O estabelecimento com sabores autênticos, típicos do Pará, me fez pulsar de alegria, primeiro pela vista – na zona portuária, às margens da Baía de Guanabara, depois pelo Tambaqui e, na sequência, pelos elementos de artesanato que adornam o espaço. 

Casa do Saulo: salão adornado com muita palha (Ligia Skowronski/Veja SP)

No Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais, almocei no restaurante Tamboril num dia que misturou muito sol e muita chuva. Localizado sob a imponente árvore que dá nome ao espaço, o projeto dos escritórios Rizoma e Arquitetos Associados, combina concreto, madeira e vidro numa fusão total com a natureza e com o buffet de gastronomia mineira contemporânea. Ali me deleitei sem pressa.

Casa do Saulo: salão adornado com muita palha (Ligia Skowronski/Veja SP)

Em São Paulo, na Japan House, que tem arquitetura assinada pelo consagrado arquiteto japonês Kengo Kuma e parceria com o escritório FGMF, o endereço escultural na Paulista reserva a surpresa do Aizomê Café, comandado por Telma Shiraishi, inspirado nas kissatens japonesas e foco em barismo apurado. Ali fiz uma doce pausa com choux cream e me deliciei também com a biblioteca ao lado, além da contemplação da área expositiva da imponente instalação. No entanto, preciso retornar para degustar os pratos do restaurante de mesmo nome.

O espaço: dentro da Japan House (Rafael Salvador/Divulgação)

Já no antigo endereço do Museu da Casa Brasileira, também em São Paulo, no Solar do Fábio Prado, conheci o exuberante Capim Santo, da Chef Morena Leite. Refúgio surreal e acolhedor no interior de um casarão neoclássico, integrado ao jardim de espécies históricas. O projeto cenográfico de Miguel Pinto Guimarães, com iluminação de Maneco Quinderé e paisagismo de Carla Oldemburg, não me faz esquecer do Croquete de Palmito Pupunha, da Moqueca de Banana-da-Terra, do Fondue de Capim-Santo e da Cachaça de limões com gelo de caldo de cana. 

Capim Santo (spveg.com.br)

Todos esses lugares me ensinaram que, quando o espaço é pensado, o ato de comer vira memória e o prazer gustativo alimenta a alma. Agradeço à Tutano por me permitir costurar todas essas camadas que me habitam.

Empolgada com minha recente viagem à Roma no mês passado, decidi assistir à série Tucci na Itália.

Assisti aos dois primeiros episódios e já estou morrendo de vontade de voltar!

Na série, disponível no Disney+, o ator Stanley Tucci viaja por diferentes regiões da Itália explorando, com sensibilidade e apetite, a conexão entre a comida, a terra e as pessoas.

São cinco episódios — cada um dedicado a uma região — que revelam os sabores autênticos e as histórias por trás dos pratos típicos italianos.

Uma verdadeira viagem gastronômica e cultural. Uma delícia, em todos os sentidos! 🍝🇮🇹✨

Nem só de comida pronta a gente vive, cozinhar também faz parte. E na hora de encher o carrinho, será que a gente está pegando os melhores produtos? O perfil @ceiaclandestina responde isso na prática: eles testam tudo com rigor e bom humor — de presunto a manteiga, de café ao macarrão! No ranking dos grano duro, por exemplo, teve surpresa: a tradicional Barilla ficou pra trás. No fim das contas, mais do que se apegar a uma marca, é bom mesmo é se apegar à qualidade. 🍝🛒

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