Na primeira palestra do Fórum Tutano, Rê Cruz destacou como o comportamento do consumidor e a análise de informações devem guiar as estratégias dos negócios
Na manhã de 29 de setembro, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, a consultora e empreendedora Rê Cruz abriu a 6ª edição do Fórum Tutano de Gastronomia. Na palestra “Tendências de consumo e estratégias para encantar o cliente”, ela enfatizou que o sucesso dos negócios no setor depende menos da intuição e mais do uso inteligente de indicadores.
Com duas décadas à frente do Foodness, plataforma de conteúdo e conexão para líderes da área, Rê compartilhou insights da recente edição da NRA Show, maior feira de tendências gastronômicas das Américas, realizada anualmente em Chicago pela National Restaurant Association, além de análises sobre o cenário econômico no Brasil. Para ela, a coleta e interpretação de informações são elementos fundamentais para garantir relevância e sobrevivência em um mercado altamente competitivo.
Os números que ela apresentou falam por si. Nos EUA, comer fora de casa ficou seis dólares mais caro do que cozinhar, impactando diretamente a frequência em bares e restaurantes. No Brasil, mais de 55% dos consumidores reduziram refeições fora do lar em 2024, enquanto o preço médio chegou a R$ 51 em 2025, reflexo da inflação e do aumento do custo de vida. Esses dados, segundo Rê, precisam estar no radar de quem empreende, já que volume e giro são vitais para a saúde financeira de qualquer operação. “O cardápio é a ferramenta estratégica mais poderosa para ter lucro no seu negócio”, reforçou.
Outro ponto central abordado foi o novo perfil de consumo. As gerações mais jovens, especialmente a Z, estão bebendo menos álcool e valorizando a saúde. Além disso, há o advento das canetas emagrecedoras, redutoras de apetite. Nos Estados Unidos, 8,1% da população já as utiliza e no Brasil, mais de 400 mil pessoas as experimentaram somente em 2025. Isso significa que pratos grandes e pesados não podem ser as únicas opções. Como solução, Rê citou a implementação de meia porção ou porção reduzida, com valor ajustado (não pela metade), sem comprometer a experiência.
Tudo isso obriga estabelecimentos a repensarem cardápios, tamanhos de porções e também a forma de se comunicar com os clientes, cada vez mais interessados em marcas coerentes, transparentes e conectadas com causas. A vivência completa também ganha destaque: hospitalidade, ambientação e até iluminação para fotos compõem o que hoje define a escolha de um restaurante. “O consumidor já espera qualidade, ser bem atendido, receber o que pediu no tempo certo e o tempo, especialmente no delivery, é o indicador mais importante”, afirmou.
Rê Cruz chamou atenção para a importância de transformar clientes em promotores espontâneos das marcas, ressaltando que a consistência na comunicação vale mais que a perfeição estética. Frequência de postagens, resposta rápida aos comentários e clareza no posicionamento são diferenciais estratégicos que fortalecem a relação com o público.
Para a consultora, a busca por custo-benefício deve ser a bússola do negócio. O cliente quer sentir que recebeu pelo que pagou. Esse equilíbrio entre preço justo, experiência completa e atenção aos detalhes é o que determina fidelidade e recorrência. “Experiência é o que cria conexão emocional e quem gera conexão emocional gera recorrência.”
Na visão de Rê, o desafio da gastronomia contemporânea está em equilibrar gestão eficiente, serviço e escuta ativa do consumidor. Dados e comportamento, quando analisados com inteligência, mostram o caminho. Quem se mantém próximo do cliente, entende suas necessidades e entrega valor real, se adapta mais rápido e conquista espaço em um setor em constante transformação.